C/C++; biblioteca stdio
1. A biblioteca stdio engloba o conjunto de funções que são normalmente usadas na linguagem C paraI/O. Podem-se usar, praticamente da mesma forma, em C, C++ e, de forma muito semelhante, na
generalidade dos compiladores e variantes do Unix.
Para incluir as declarações associadas à biblioteca inclui-se o ficheiro stdio.h
#include
2. A função comum de escrita no ecrã é o printf que tem a seguinte forma geral:
printf( formato, argumentos...)
O formato é na realidade a mensagem que vai ser escrita no ecrã quando a função for chamada.
Exemplo: O seguinte código permite escrever no ecrã a mensagem Hello World
(terminando com uma mudança de linha, provocada pela escrita do caracter \n).
#include
main()
{
printf ("Hello World\n");
}
Exemplo: qual o efeito dos seguintes printf ?
printf ("Hello\nWorld\n");
printf ("Hello \n\n World\n");
printf ("\nHello\n World");
3. Na realidade, a maior parte das vezes a função será usada para escrever no ecrã valores das variáveis
do programa. Para escrever o valor de uma variável com o printf é preciso conjugar duas coisas:
- Assinalar essa intenção na mensagem (primeiro argumento)
- Veicular a variável como argumento adicional
Por exemplo:
int i = 10;
printf( "Aqui vai aparecer o valor de i que é %d e depois segue\n", i );
Neste caso o printf tem dois argumentos. O que vai ser escrito é (sempre!) o primeiro argumento.
Acontece que ao, escrever o primeiro argumento, se encontrar uma sequência especial como é o caso de
%d
Substitui essa sequência pelo valor da variável indicada no 2º argumento. Resultado, aparece a
mensagem:
Aqui vai aparecer o valor de i que é 10 e depois segue
4. O mesmo esquema aplica-se para mais que uma variável: as sequências especiais inscritas na
mensagem são substituídas, por ordem, pelas variáveis indicadas nos argumentos adicionais do printf.
Exemplo:
int i = 10, k = 35
printf( "Uma valor é %d e o outro é %d\n", i, k );
ISCTE – DCTI Sistemas Operativos – C/C++; biblioteca stdio Pág. 2
Ou seja, é preciso que o número de sequências especiais inscritas na mensagem seja igual ao número
de argumentos que são dados ao printf além do primeiro.
5. Na realidade os argumentos não precisam de ser variáveis simples; pode, ser, como em geral na
linguagem C/C++ expressões. Por exemplo:
int i = 10, k = 35
printf( "%d+%d=%d", i, k, i+k );
6. As sequências especiais, ditas sequências de formatação, indicam o tipo da variável. Se a sequência
de formatação for %d, é suposto que a variável correspondente seja int. Da mesma forma verificam-se
as seguintes correspondências:
%d - int
%ld - long
%c - caracter
%s - string (array de caracteres)
%f - float
%lf - double (float "longo")
...
Exemplo:
int i = 79;
float f = 10.5;
string *str = "Hello";
printf ("<%d><%f><%s>\n", i, f, str);
printf ("<%c><%d>\n", i, i );
printf ("<%f><%d>\n", f, (int) f);
printf ("<%c><%d>\n", str[0], str[0]);
7. É claro que, se as sequências de formatação não estiverem de acordo com os tipos das variáveis
correspondentes, podem ser escritos os maiores disparates.
Por exemplo:
int i = 79;
float f = 10.5;
printf ("<%d><%f>\n", f, i);
Ou seja, a sequências de formatação inscritas na mensagem e os correspondentes argumentos do
printf, devem concordar quer em número quer em género.
8. As sequências de formatação podem ser enriquecidas com elementos que, justamente, servem para
controlar a forma como os valores das variáveis são escritos no ecrã (ou seja, formatar).
Por exemplo:
%3d escreve o valor do número em, pelo menos, 3 posições.
%16.2f escreve um float com 16 posições, 2 para decimais;
%10s escreve uma string em 10 posições;
Exercício: faça um programa que escreva os números de 1 a 100, 10 em cada linha, alinhados à direita
em cada coluna.
9. Nada disto é segredo de estado., pelo contrário. No UNix as funções standard do C são directamente
documentadas. Se quiser saber mais pormenores sobre esta outras funções pode fazer o comando:
man 3 printf
10. O printf é na realidade uma versão específica de uma função mais geral fprintf. O fprintf tem a
seguinte forma geral:
fprintf ( canal , formato, argumentos...)
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A diferença para o printf é apenas o primeiro argumento que indica o canal de escrita. No caso do
printf o canal de escrita é omitido: é, por construção, o canal standard de saída do programa
(normalmente o ecrã). Este canal standard de saída é descrito pela variável stdout (declarada por
inclusão do stdio.h) que pode também ser usada no fprintf. Ou seja, o printf
printf ( formato, argumentos...)
é o mesmo que
fprintf(stdout, formato, argumentos...)
10. A função de leitura correspondente ao printf é o scanf, que tem uma estrutura de argumentos
parecida:
scanf ( argumentos, variáveis...)
O primeiro argumento indica o que se pretende ler, através de sequências de formatação parecidas com
o printf. Os restantes argumentos indicam o endereço das variáveis que vão receber os valores lidos.
11. Um exemplo típico é a leitura de um número. Exemplo:
main()
{
int n;
printf ("Diga um número: ");
scanf ("%d", &n );
printf ("O número seguinte é: %d \n", i);
}
O primeiro scanf indica que se está à espera de ler um número inteiro. O segundo argumento denota
que o número inteiro lido deve ser colocado na variável n. Para isso é indicado como argumento o
endereço da variável n (um pointer para a variável n).
O comportamento do scanf é o seguinte: ultrapassa os separadores (espaços, mudanças de linha), lê
todos os caracteres que possam constituir um número (ou seja, os algarismos) e termina no primeiro que
não seja.
Exemplo, experimente o programa anterior com as seguintes entradas:
12 seguido de enter1
12xxx
123456789
123
x123
Experimente ainda mudar de linha antes de dar o número.
12. O scanf não garante que a entrada seja conforme ao que se espera (ou seja, não faz validações !).
Por exemplo, na situação anterior a entrada x123 faz com que, na realidade, não seja lido qualquer
número.
13. Além do %d aplicam-se as sequências semelhantes ao printf, sendo as mais comuns:
%s palavra
%c um caracter
%f um número decimal
Note que o %s lê apenas uma palavra (ou seja, termina no primeiro espaço ou mudança de linha
encontrado). Por exemplo:
main()
1 tem, seja com for, que terminar a entrada com enter; antes disso os caracteres escritos ficam apenas no
buffer de entrada - não chegam ao programa.
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{
int n;
printf ("Diga o seu nome completo: ");
scanf ("%s", s );
printf ("Disse \n", i);
}
Note ainda que, neste caso, o s é dado sem &. É normal: trata-se de um array de caracteres; o s é ele
próprio um endereço (o do primeiro elemento do array).
14. Raramente se usa o scanf com sequências de formatação mais elaboradas que as anteriores. Mas o
scanf permite uma formatação mais geral perecida (numa óptica de leitura) com a do scanf. A
formatação do scanf indica o padrão que é suposto obedecer a sequência de caracteres de entrada: a
leitura só é bem sucedida se a entrada obedecer a esse padrão.
A indicação de um carácter comum na sequência de formatação indica que é suposto a entrada veicular
esse mesmo carácter.
Exemplo: experimente o seguinte programa e indique uma sequência de entrada que permita atribuir um
número à variável n.
main()
{
int n;
printf ("Diga um número: ");
scanf ("XXX%d", &n );
printf ("O número seguinte é: %d \n", i);
}
Pode também ser usado um repetidor. Exemplo: experimente o seguinte programa
main()
{
int n;
char s[100];
printf ("Diga um número: ");
scanf ("%3c%d", s, &n );
printf ("O número seguinte é: %d \n", i);
}
e indique uma sequência de entrada que permita atribuir um número à variável n.
O símbolo * permite ultrapassar caracteres (isto é, ler mas descartar).
Exemplo: experimente o seguinte programa
main()
{
int n;
printf ("Diga um número: ");
scanf ("%*3c%d", &n );
printf ("O número seguinte é: %d \n", i);
}
15. O exemplo do printf, o scanf é uma versão da função mais geral fscanf. O scanf lê de uma
canal standard de entrada (normalmente o teclado) descrito pela variável stdin. Ou seja:
fscanf ( formato, variáveis...)
é o mesmo que
fscanf ( stdin, formato, variáveis...)
16. Além do scanf à outras funções de leitura tanto ou mais utilizadas. Uma delas é o
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getchar()
ou
fgetc(stdin)
que lê e devolve um caracter.
Exemplo:
#include
main()
{
printf ("Carregue em ENTER para continuar: ");
getchar();
}
O caracter lido é devolvido pela função. Exemplo:
#include
main()
{
int c;
printf ("Carregue em ENTER para continuar: ");
c=getchar();
if ( c != '\n' )
printf ("Era ENTER não era %c\n", c);
}
17. Considere o seguinte exemplo:
#include
main()
{
int c;
while ( getchar() != EOF )
;
}
Este lê todos os caracteres da entrada até ao "fim do ficheiro" (interactivamente o fim de ficheiro pode ser
dado com CTRL-D). Neste caso o fim de ficheiro é sinalizado pela própria função getchar() que devolve a
constante EOF (definida em stdio.h) nessas circunstâncias.
O mesmo efeito se pode obter através da função feof:
#include
main()
{
int c;
c = getchar();
while ( ! feof(stdin) )
{
c=getchar();
}
}
que devolve true (seja 1) quando se verificar o fim de ficheiro, neste caso no stdin.
18. Exemplo: o seguinte exemplo implemente um cat rudimentar
#include
main()
{
int c;
c = getchar();
while ( ! feof(stdin) )
{
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putchar(c);
c=getchar();
}
}
Use este programa para fazer um comando que permita:
i) ver o conteúdo do ficheiro /etc/passwd
ii) criar, no seu directório de trabalho, um ficheiro com algumas palavras
iii) copiar o ficheiro /etc/passwd para o seu directório de trabalho;
19. As várias funções de leitura podem ser misturadas. Seja como for, relativamente à leitura, funciona
sempre a seguinte lógica: a entrada é uma sequência de caracteres, que têm que ser consumidos por
ordem; assim, cada operação de leitura consuma 0 ou mais caracteres; a próxima operação recomeça no
carácter seguinte (o primeiro carácter que a operação anterior não consumiu).
Exemplo, considere o seguinte programa ao qual se dá como entrada: 12 (seguido de enter).
main()
{
int n, c;
printf ("Diga um número: ");
scanf ("%d", &n );
printf ("Disse %d\n", &n);
printf ("Carregue em ENTER");
getchar();
}
Contrariamente ao que a as mensagens sugeriam, após a entrada do número o programa não fica à
espera. A leitura do número pelo scanf consome o 12 mas não o enter: logo o getchar não tem que
esperar por um novo carácter: prossegue imediatamente lendo o enter.
20. Outra função importante de leitura é a função gets() ou fgets(). A variante gets tem a forma
gets(s)
Sendo s uma string (array de caracteres). A variante fgets tem a forma:
fgets(s, dimensao, stdion)
Sendo dimensão uma expressão que indica o número máximo de caracteres a ler.
A segunda forma é a mais adequada porque permite evitar a leitura de mais caracteres do que a
dimensão do array de destino permite. Por exemplo:
main()
{
int s[21];
printf ("Diga uma frase (máx 20 caracteres): ");
fgets(s, 21, stdin):
printf ("Disse %sd\n", s);
}
Note que, neste caso, a função lê uma linha completa, até ao ENTER (a menos que o limite seja
ultrapassado). É portanto a função adequada para ler strings que possam ter espaços no meio.